sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Reviravoltas da Vida - Parte II

 De facto, depois do segundo aborto, o meu pensamento foi deixar passar algum tempo até voltar a tentar engravidar.

Como disse no post anterior, tive consulta a 27/10, na qual o médico referiu que estava tudo ok, o útero limpo, tudo fino.

O sangramento já tinha parado, entretanto regressei ao trabalho, reorganizar o que tinha ficado pendente, e no fim de semana de 14/15 de novembro comecei a sentir os meus seios mais sensíveis e inchados. Este é o meu primeiro sintoma de gravidez. Fiquei alerta, mas achei que era impossível. Pensei que se a M não viesse até 30 dias após o aborto, faria um teste, só por descargo de consciência.

Mas não aguentei e no dia 17/11 (6 anos depois de ter feito a amniocentese da minha filha) fiz um Clearblue. "Grávida 1-2 semanas". Fiquei em choque, mas, ao mesmo tempo, achei que provavelmente ainda seria hormona da outra gravidez. 

Mandei sms ao GO, que me disse que era pouco provável, mas só fazendo Beta-HCG. Assim fiz.

Dia 18/11 - resultado 21. Pronto, obviamente resto da outra gravidez. "Mommy, como é que tu, com ciclos anovulatórios, irregulares, gigantes, com SOP, irias estar grávida 24 dias depois de um aborto?"

Bom, just in case, 48h depois repeti o Beta.

Dia 20/11 - 56.2

"Parabéns, está grávida e a evoluir" - Mensagem do GO.

WTF? OMG!!!!!!!!!

E o medo? O pânico? A ansiedade? E se corre mal outra vez? O beta está tão baixinho :(

Dia 3/12 primeira eco: gravidez ainda muito inicial, 4,5/5 semanas, saco gestacional e vesícula vitelina, mas ainda nada de embrião. Saco implantado no sítio certo, ao contrário do anterior. Progeffik. Reavaliação dia 17/12.

Tem sido muito complicado lidar com a ansiedade. Já perdi a conta ao número de TG que fiz. Não quis repetir o Beta. Aguardo ansiosamente por dia 17.

Agarra-te, kid! 


Reviravoltas da vida - parte I

 É estranho, curioso... lixado... como a vida nos põe à prova sem que pensemos nessa probabilidade.

Passaram mais de dois anos desde o meu último post. Deixei em aberto a possiblidade de estarmos de volta aos treinos, mas quase dois anos depois (em maio deste ano) os treinos revelaram-se infrutíferos. Nada de gravidez.

Entretanto meteu-se a pandemia. Inicialmente, desconhecida e assustadora, mas não me demoveu.

Fui à minha GO e aconselhou-me a procurar um especialista em infertilidade. Cá em casa já tínhamos decidido que tratamentos não iríamos fazer, mas indução de ovulação era uma possibilidade.

Em agosto fiz um ciclo de indução de ovulação com injetáveis (Puregon e Ovitrelle), que não deu em nada. 

Em setembro optei por não repetir, mas fui fazendo a monitorização da temperatura basal e ovulei nesse mês. Como a minha fase lútea é de 14dias, aguardava a chegada da M para 24/09 para depois iniciar novo ciclo de indução.

24/09, nada de M. 

"Caraças, afinal agora que pensava que começava a perceber mais ou menos o meu ciclo, as contas estão erradas". Incerteza.

25/09 acordei e nada de M. "Se não vier até à hora de almoço, faço um teste". Antes de ir almoçar, fui ao WC e nada de M. Passei pela Wells, comprei um teste e lá fui até ao WC do Continente. Xixi no pauzinho e 3 minutos a fazer scroll no Facebook. 

E dois risquinhos no teste de gravidez. Comecei a tremer e a sorrir, sem acreditar. 

Imediatamente, o medo apoderou-se de mim. E se abortar outra vez?

Mandei mensagem ao GO, que disse que eco só duas semanas depois, antes disso era muito cedo.

Mas a minha felicidade durou apenas uma semana. No dia 04/10 comecei com pequenos sangramentos e no dia 05/10 fui ao hospital. Um pequeno descolamento do saco. Vida normal, sem esforços, Progeffik.

Dia 08/10 consulta com o meu GO. Possivelmente, gravidez não evolutiva. Repouso absoluto. Aumento da dose de Progeffik e pensamento positivo.

Infelizmente, nada disso fez com que esta tão desejada gravidez evoluísse. Fiz Cytotec a 23 e 24/10 e a 27/10 tive consulta. Tudo ok, útero limpo, endométrio fino. Esperar pela M e depois luz verde para voltar aos treinos.

Psicologicamente, custou-me menos do que o anterior. Acho que me fui mentalizando que este era o desfecho. Só queria voltar ao trabalho e à vida normal para não pensar muito nisso.

Aliás, nem queria ouvir falar em gravidez naquele momento. Tentar de novo ficou completamente fora de questão.