terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Confissões

O tempo urge em passar. Voa! Mistura-se a lentidão dos dias da semana, do trabalho stressante, do cansaço, com a rapidez com que vou vendo as semanas a passarem.

E amanhã chegamos às 29. 29 semanas! Ficam a faltam 77 dias.

Às vezes acho que ainda estou a viver um sonho, acho que vou acordar a qualquer momento e perceber que tudo não passou de imaginação do meu subconsciente.

E agora começa a chegar o medo. Não é (ainda) o medo do parto e das dores. Esse há de chegar, mas não há como evitá-lo, portanto logo lidaremos com ele. É, sim, o medo de não ser capaz, de não ser capaz de tantas coisas. De não ser capaz de te educar para te tornares uma pessoa íntegra, educada, honesta; de não ser capaz de perceber por que choras, se tens fome, se tens frio; de não conseguir dar-te tudo o que precisas; de não te fazer feliz. Tenho tantos, tantos medos, meu filho! E sei que o papá também os tem, embora os disfarce muito melhor que eu.

Foste tão desejado e és já tão amado que não podia ser de outra maneira, não é? Se não sentíssemos medo, algo certamente estaria errado.

Cada pontapé que me dás faz-me sorrir, mas, ao mesmo tempo, faz-me recordar que estás aí e que precisas de mim, sempre irás precisar! Meu Deus, às vezes acho que mal sei cuidar de mim, como serei capaz de cuidar de ti? Um ser dependente de mim 24 sobre 24 horas?

Acredito que haverá alturas em que não saberei o que fazer, mas sentir-te na minha barriga e depois ter-te nos meus braços são a maior força para continuar a lutar pelo melhor.

A mãe tem estado cansada, sabes? E tem percebido que esta profissão que ela sempre amou já não a motiva como dantes. E isso deixa-a triste, muito triste. E tem vontade de vir para casa preparar todas as tuas roupinhas e coisinhas porque ainda não preparou nada, e deixar o trabalho. Mas felizmente, a Doutora diz que está tudo bem com a mamã, portanto nós vamos continuando todos os dias a ir ter com aqueles "meninos" que tiram a mamã do sério, na maior parte das vezes.

Sabes, bebé, ainda não estou ansiosa por te ter nos meus braços. Serei assim tão diferente das outras mamãs? Sinto que aí estás protegido de todos os males, que nada te pode acontecer. Deixa-te estar sossegadinho, meu amor. Daqui a 78 dias, ou quando te apetecer, vem ter connosco. Receber-te-temos de braços abertos e coração cheio. Mas não te apresses, demora o tempo que for preciso.

Com amor,
Mãe.