quarta-feira, 22 de agosto de 2018

3 anos depois... uma vida....

Como seria expectável (?), o blog parou antes do nascimento da minha baby M.

Mesmo durante a gravidez, as atualizações foram espaçadas... mas vamos lá a um breve update!

A Baby M nasceu a 28/04 de 2015, às 39s+6d, depois de indução de parto devido a... tensão alta, claro! Foram 28h sem quaisquer desenvolvimentos, pelo que teve de ser de cesariana.

Recuperação chatinha nos primeiros 2/3 dias, internamento por mais 1 dia por perda de peso, mas tudo a correr bem.

Estes três anos passaram-se sem grandes percalços, é uma menina inteligente, com sentido de humor, ativa e muitoooo curiosa! A luz dos nossos olhos <3

Após a recuperação do parto, voltei a tomar a pílula. A única opção que a GO meu deu foi a Cerazzete (vulgo "pílula da amamentação"), devido à minha hipertensão. Mas esta pílula sempre me deu fortes dores de cabeça, até que um ano depois decidi deixar de tomar.

Por incrível que pareça, os meus ciclos passaram a ser certos. 28/30 dias... algo inimaginável para mim que cheguei a ter ciclos de mais de 90/100 dias!!!!

Surpresa das surpresas, em março de 2017 descobri que estava grávida. Foi um choque. Instantaneamente, senti que não estava preparada, que não sabia se era aquilo que queria, senti que algo não estava bem.
Fiz a primeira eco com a minha GO no dia 6/04/2017, estaria de cerca de 7 semanas. Tudo normal, nova eco 3 semanas depois.

Dia 21/04/2017, feto sem batimentos cardíacos. Desmoronei. Culpei-me. Chorei. "São coisas normais, que acontecem muito mais vezes do que se julga", palavras da minha GO, sempre tão incisiva e prática.

Dia 24/04/2017, entrada no hospital para dar início ao processo de expulsão. O mesmo hospital onde a M. tinha nascido. Ao meio-dia coloquei os primeiros comprimidos vaginais para iniciar o processo. E ali estive todo o dia, sem poder comer, a andar de um lado para o outro, para acelerar, junto a outras grávidas que também caminhavam para acelerar o trabalho de parto. Fui chorando, respirando, rezando que para tudo fosse natural, para não ter de ficar internada, para não ter de ser raspada. Durante a tarde, reforço dos comprimidos, as cólicas foram-se intensificando, diarreia (efeito secundário dos comprimidos), dores, lágrimas. Às 20h, enquanto caminhava pela enésima vez por aqueles corredores, agora já sem grávidas, senti algo que me fez correr para a casa de banho e ali, sozinha, sentada no chão, expulsei aquele ser de dentro de mim e chorei compulsivamente por largos minutos. Foi o momento mais triste da minha vida.
Limpei-me, levantei-me, enxuguei as lágrimas e fui ter com a médica. "Doutora, acho que já está". Fizemos eco e, sim, já estava, tinha expulsado tudo.
Tive alta e, sentada em frente à médica, enquanto aguardava que me passasse medicação, desabafei: "Sabe, Doutora, eu sempre soube que algo não estava bem. Sei que isto não é racional, mas desde o primeiro momento eu senti que algo estava errado." "Minha querida, se isto fosse tudo racional, era tudo tão mais fácil.", respondeu-me ela, agarrando-me a mão.

Recordo isto como se tivesse sido ontem. Conduzi para casa, sozinha, de noite. Só queria abraçar a M. e deitar-me na cama e dormir.
Estive 15d de baixa e desmoronei uma vez num choro compulsivo com o Daddy. Eu disse-lhe "Era o nosso bebé, perdemos o nosso bebé" e ele respondeu-me "O nosso bebé está ali a dormir naquela cama!" E tudo acalmou. O tempo fez acalmar. A M. fez acalmar.

O Daddy não fazia questão de um segundo filho e depois deste aborto, mentalizei-me de que não queria voltar a passar por isso. Temos a M., é a luz dos nossos olhos e a nossa razão de viver e somos felizes.

Mas, há uns meses, o daddy começou a falar no assunto. Se calhar, era boa ideia. Se calhar, a M. precisa de companhia. Se calhar...

Em junho, deixei a Cerazette, em junho tive a última menstruação (06/06). Passaram 78 dias. Dois testes de gravidez negativos. E nem sinal da menstruação. Vou deixar passar as férias e em setembro marco consulta com a GO.

Pode-se dizer que andamos em treinos, mas estou mentalizada que será o que Deus quiser. Sem stress, sem pressa, sem obrigatoriedade. O que tiver de ser, será! <3